Um conceito amplamente debatido no meio acadêmico nos idos dos anos 90 ganhou força e protagonismo no campo prático. Estamos falando das Smart Cities, ou cidades inteligentes, na tradução literal. Segundo o PHD em urbanismo norte-americano, Boyd Cohen, as cidades inteligentes são aquelas que conseguem se desenvolver economicamente, ao mesmo tempo que ampliam a qualidade de vida de seus habitantes, ao gerar crescimento aliado à eficiência e à sustentabilidade.
A materialização de um conceito acadêmico foi propiciada devido à crescente evolução tecnológica das últimas décadas, acompanhada do crescimento exponencial das cidades. Se voltarmos no tempo, há 200 anosapenas Londres, Tóquio e Pequim ostentavam mais de um milhão de habitantes. Hoje, já passam de 400 as metrópoles espalhadas ao redor do mundo com mais de um milhão de habitantes, exigindo dos espaços urbanos mobilidade, uso dos recursos naturais e tecnológicos para se desenvolverem. Mais da metade da população mundial já vive nos centros urbanos, e estimativas da ONU vislumbram que até 2030 esse percentual atinja os 70%.
Com isso, passou a ser exigido ainda mais do planejamento das cidades, fazendo uso da tecnologia a favor da infraestrutura urbana e mecanismos voltados ao desenvolvimento de políticas públicas como organização do sistema de trânsito, iluminação pública, acesso à saúde e participação popular nas decisões tomadas que envolvem interesses coletivos.
Como se constitui Smart Cities?
No ano de 2007, a União Europeia lançou um programa de incentivo contemplado 70 cidades de médio porte, pré-selecionadas, para investirem em inovações em seu planejamento urbano. Uma forma de estimular a adequação de cidades milenares às exigências da sociedade moderna, e do bom convívio entre os cidadãos.
No entanto, dois países foram mais longe no quesito inovação urbana e resolveram construir do zero cidades inteligentes, transformando-as em verdadeiros laboratórios de inovação, sustentabilidade e planejamento urbano. São elas: Songdo, na Coreia do Sul; e Masdar, em Dubai (Emirados Árabes Unidos)
Uma ilha pós-moderna
No caso do case sul coreano, ele é fruto de investimentos da incorporadora Norte-americana Gale International, que direcionou US$ 35 bilhões para edificar a cidade do zero, em uma ilha de seis quilômetros quadrados. A expectativa é de que até 2020 a cidade conte com 250 mil moradores.
Toda planejada para ser um exemplo de inteligência urbanística, Songdo tem construções que privilegiam a luz natural, redes de eletricidade eficientes, conectadas a rede de geração fotovoltaica, inclusive com o uso de vidros que captam os raios de sol para convertê–los em energia. A meta é que em todo o seu funcionamento sejam emitidos três vezes menos gases de efeito estufa.
Para facilitar a mobilidade urbana, os carros têm etiquetas de radiofrequência para monitoramento do tráfego e placas instaladas sob o asfalto para controlar os veículos. A cidade é toda conectada via internet 4G e as casas são equipadas com interfones dotados com monitor de plasma, que permitem contato imediato com comércios, serviços e escolas, sem sair de casa.
Um oásis sustentável e tecnológico em meio ao deserto
Em pleno deserto do Emirados Árabes Unidos, o arquiteto e urbanista britânico Norman Foster se dedica à edificação da cidade de Masdar, iniciada em 2006, com o propósito de ser uma cidade sustentável e totalmente planejada dentro dos conceitos da mobilidade urbana e tecnologia. Com investimento inicial de US$1,4 bilhão, a cidade pretende acomodar 40 mil pessoas até 2025, prazo estabelecido para sua finalização.
O projeto pode ser considerado um verdadeiro experimento social contemporâneo. Em sua concepção só foram aceitos carros elétricos, sendo que alguns se movimentam de forma autônoma, sem motorista. As ruas foram resfriadas por gigantescas torres eólicas, e há um sistema de monitoramento de gasto de ene